Roma (NEV), 25 de novembro de 2024 – De 25 de novembro (Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres) a 10 de dezembro de 2024 (Dia Mundial dos Direitos Humanos), a Agência NEV publica em parcelas, uma página por dia, as contribuições do Caderno da Federação de Mulheres Evangélicas da Itália (FDEI) “16 dias para superar a violência”.
Abaixo, o reflexo de Mônica Bernardo de Índices de Paridade – APS. O comentário bíblico é editado pelo pastor metodista Ulrike Jourdan.
50 anos após a publicação de Do lado das meninaspersistem os condicionamentos culturais e os estereótipos de género no contexto escolar, apesar de o corpo docente ser composto por 80% de mulheres. As ferramentas e os textos das disciplinas fornecem uma imagem distorcida das mulheres e de outras subjetividades marginalizadas e racializadas. Um espaço no final da página é reservado às mulheres para falarem de personalidades “extraordinárias”: a excepcionalidade torna-se uma nova forma de marginalização. Os livros e os formulários escolares continuam a ser definidos de acordo com um masculino exagerado, erroneamente considerado neutro e inclusivo. O cânone literário reserva um pequeno espaço nos manuais para algumas escritoras e apenas na década de 1900; o mesmo para cientistas, filósofos, matemáticos, artistas, ausentes nos livros que consolidam uma leitura antiquada e excludente da realidade. Os manuais escolares contribuem assim para a construção nas raparigas e nos rapazes, nas raparigas e nos rapazes, de uma imaginação distorcida e de uma falta de consideração pelas mulheres, ou mesmo de uma verdadeira subordinação. É grave que isso aconteça em locais responsáveis pela educação, instrução e formação. Por isso nasceu em 2020 a associação APS Indices Paritari, formada por professores de diferentes ordens e séries, para desconstruir estereótipos, proporcionar a meninos e meninas uma representação mais verdadeira do mundo e prevenir a violência física e psicológica de gênero.
VERSO
Jesus, tomando-a pela mão, disse-lhe: «Talità cum!» que significa: «Menina, eu te digo: levanta-te!» Imediatamente a menina se levantou e caminhou, pois tinha doze anos. E eles ficaram impressionados com grande espanto. (Marcos 5,41f)
COMENTÁRIO
A história começa com um pai implorando a Jesus que ajude sua filha moribunda. O pai é um dos dirigentes da sinagoga, uma pessoa de fé e podemos assumir um pai que ama a filha. O estranho é que você fala dela com termos carinhosos, tanto que te faz pensar em uma garotinha. Ela, porém, tem 12 anos: nessa época, idade para casar e ser mãe. Hoje deveríamos imaginar uma jovem. Que influência têm as palavras que usamos em relação aos nossos entes queridos? Talvez alguém chame sua filha carinhosamente e com um sorriso de “minha linda tola”. Não é uma afronta, mas se você ouvir isso todos os dias, aos poucos vai se convencendo da sua própria estupidez. Ou, ao chamar uma criança de “monstrinho”, o que a criança pode entender? Que não há problema em se comportar de maneira “monstruosa”? Talvez o pai neste texto tenha lutado para ver uma mulher em sua filha. Talvez ela tivesse preferido ficar com o bebê em vez de lidar com uma mulher que quer fazer suas próprias escolhas. Acho que muitos pais lutam para deixar os filhos crescerem sem interferir muito. Quando Jesus se aproxima da menina, não a chama de “menininha”, como fazia o pai, mas de “menina”. Jesus ajuda-a a colocar-se diante do pai, dá a esta jovem a força para se expressar como bem entender, não como o pai gostaria. Este é o milagre de Jesus. Ele pode ver a pessoa dentro de nós e nos ajudar a ser quem somos.
ORAÇÃO
Jesus, eu te agradeço porque você vê em mim além da aparência. Você vê o que posso ser e me ajuda a me tornar a pessoa que realmente sou. Antes de você eu não preciso usar máscaras. Você me ama como eu sou. Amém
PERGUNTA para discussão
Quanto ainda hoje persiste o peso da cultura patriarcal na determinação dos papéis e das gaiolas de género?